quarta-feira, 18 de março de 2009

Planejamento para uma Crise de Longo Prazo

Paradigma Energético: Aprendizado e Inovação – uma questão ao CED À oportuna criação do Centro de Estudos do Desenvolvimento (CED) no RJ, gostaria de trazer ao debate uma nova dinâmica a um velho problema: o de apresentar oportunidades de debater de modo democrático um modelo desejável de crescimento sustentável para o país. Dentro desta ótica de compartilhar os diversos graus de conhecimento entre os economistas, uma análise breve da trajetória histórica da industrialização brasileira nos últimos 123 anos, ajuda a fornecer os elementos necessários para dar respostas às perguntas da economia clássica: O que produzir? Como produzir? Para quem produzir? em meio a crise internacional. Ou seja, vamos abordar de forma sutil, a famosa questão da quebra de paradigma da economia mundial. Hoje, não necessariamente devemos fazer estas perguntas, mas sim outras: Por que inovar? Aonde inovar? Para quem vender? Tudo iniciou e acredito, inicia-se com o setor de energia, a força motriz e impulso inicial da industrialização (Rostow) e todas as grandes transformações econômicas ocorrem com a inovação (Schumpeter). Assim ocorreu com a energia hidráulica, o vapor, a energia elétrica, o petróleo e a energia nuclear. Todas estas inovações no setor de energia representaram os marcos históricos nos ciclos econômicos de longa duração (Kondratieff). Desde Ribeirão do Inferno em Minas Gerais (1883), a primeira hidrelétrica do Brasil, até as usinas nucleares de Angra dos Reis, passando pelo estágio atual de auto-suficiência em petróleo, a análise histórica dos diversos patamares na evolução da industrialização de nosso país, fornece a diretriz básica, as palavras mágicas, que devem nortear um plano diretor de desenvolvimento auto-sustentável para o século XXI: inovação e empreendedorismo. A partir de Ribeirão do Inferno, que trabalhava com dois dínamos (4 e 8 Hp’s), e que detinha a maior linha de transmissão do mundo na época (2 km), padrões insignificantes para a atualidade brasileira, as hidrelétricas mudaram o cenário da economia do país: Ribeirão dos Macacos (1887), Marmelos(1889), foram uma iniciativa inicial de pequenos empresários na área têxtil e fazendeiros em busca de auto-suficiência para os seus empreendimentos. Em 1899 é criada a São Paulo Railway Light and Power Company ( a atual Light) e a American and Foreign Power Company (Amforp) que a partir de investimentos estrangeiros dominarão o cenário de energia até a década de 60. A Light no eixo Rio-São Paulo construiu grandes hidrelétricas: Fontes (1908), Fontes Nova (1940), Nilo Peçanha (1954), Pereira Passos(1962) e Santa Branca(1999). A Amforp instalou uma pequena série de usinas termoelétricas no país. A década de 50 trouxe o início dos debates sobre a participação do Estado e da iniciativa privada nacional e estrangeira nos setores estratégicos da infra-estrutura brasileira. JK cria então em 1957, a Central Elétrica de Furnas, dentro do Plano de Metas de seu governo. A partir de 1971, Furnas engloba as construções de Estreito, Funil, Porto Colômbia, Itumbiara, Marimbondo, Serra de Mesa entre outras. As décadas de 50 e 60 é a época de criação das empresas regionais de energia: Copel e Escelsa (1953), Celesc e Celg (1955), Coelba(1960), Cosern(1962), etc.. A década de 70 é marcante pelo aparecimento de grandes empreendimentos: Tucuruí e Itaipu. Hoje o setor é responsável pela transferência de tecnologias para a construção de usinas na Índia e na China, demonstrando a capacidade latente anterior do país de pioneirismo no setor. Dentro desta ótica de análise, podemos concluir que é necessário, dada a conjuntura internacional, um certo caráter empreendedor e inovador, que facilite a difusão e a implantação de um modelo energético que priorize fontes de energia não poluentes e de baixo custo, seja o biodiesel ou o etanol, não necessariamente visando o mercado externo, cujos países em estágios avançados de industrialização dificilmente o aplicarão em suas matrizes energéticas, dado o alto custo da mudança, mas no mercado ainda incipiente brasileiro, protegendo o know how do qual somos detentores e pioneiros desde a década de 70. Pedro Paulo Silveira Felicíssimo Economista e Consultor SEBRAE/RJ Reg. Corecon 22.792-7 1ª RJ

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