quarta-feira, 18 de março de 2009

Vamos Analisar Economicamente e Seriamente a Crise?

A Atual Conjuntura Econômica Brasileira e sua Inserção na Atual Crise Internacional sob uma ótica de análise Schumpeteriana dos Ciclos Econômicos. Nos grupos de estudo da atual conjuntura econômica brasileira, têm se discutido o paradoxo apresentado entre as altas taxas de juros versus crescimento econômico. Como o País pode estar crescendo, se os juros altos são inibidores naturais dos investimentos? A explicação para tal paradoxo só pode apresentar a soma das seguintes razões: 1º - Estoques elevados da indústria nos períodos anteriores. 2º - Crescimento das exportações via ampliação da pauta, mais prospecção de novos mercados, mais produtividade agrícola. 3º - Ampliação do micro crédito a pessoas físicas, elevando o consumo ao custo de endividamento em médio prazo. 4º - Utilização dos mecanismos de financiamento do BNDES, como instrumental econômico. A curta apresentação abaixo tem a pretensão de apresentar proposições dentro da teoria econômica na linha Schumpeteriana, para justificar algumas das suposições anteriores a partir do estudo das “Trends” globais atuais na medição dos ciclos econômicos. Os ciclos econômicos estudados por Schumpeter a partir da referência das variáveis preços e quantidades apresentaram as seguintes relações básicas: (i) elevação de preços correlacionados à elevação de produção, (ii) baixa de preços correlacionados à queda da produção. Schumpeter identifica 3 (três) ciclos: Um ciclo mais curto, de Kitchin (Joseph Kitchin), com duração média estimada de 3.6 anos e uma relação muito próxima entre taxas de juros e o índice de preços no atacado, que poderíamos comparar em um avanço temporal, com as crises do petróleo de 1973 e 1979, em que os preços elevados da commoditie, disparou as taxas de juros norte americana, desencadeando um efeito linkage sobre a economia internacional. Um ciclo médio, de Juglar (Clément Juglar), com duração média estimada de 8.33 anos, quando então ocorreriam crises de superprodução e subconsumo, que também para efeitos de comparação intertemporal exemplificamos com a crise do café no mercado brasileiro nas décadas de 30 e 50 (ver Celso Lafer, Formação Econômica do Brasil) que desencadeou um processo rudimentar de inovação que conhecemos como processo de substituição de importações que foi o cerne do processo de industrialização. Um ciclo mais longo, Kondratrieff, com duração média estimada de 50 anos, privilegiando as afinidades entre altas/baixas de preços e taxa de juros. Esses ciclos mais longos também se relacionam com um hiperciclo (Building Cycles), com duração média estimada entre 18 e 22 anos, cujo termômetro é conforme o nome, o mercado de construção (ver como exemplo, a crise de 1929 e o mercado imobiliário norte-americano, que sinalizou antecipadamente com altas exorbitantes nos preços dos imóveis o caos que se seguiria). Agora voltemos à explicação schumpeteriana para o problema inicialmente proposto no início deste artigo, sobre o paradoxo das altas taxas de juros versus crescimento econômico, momento atual da economia brasileira, sabendo que como condição “sine qua non” para compreender a análise e o momento atual, nos períodos de baixa de preços, as empresas mais dinâmicas, que são as indústrias motrizes da economia (no caso do Brasil, na maioria empresas transnacionais) utilizam fatores de produção não empregados ou subempregados, sem que haja pressão sobre preços e salários. Em segundo lugar, o aumento da renda (via microcrédito e comércio exterior), ocasiona aumento da demanda e do consumo e o efeito linkage nas indústrias de médio porte ou menos dinâmicas. A iniciativa é, portanto, na fase de baixa de preços, apenas dos produtores. A partir do momento em que caminhamos para o pleno emprego dos fatores ociosos, ocorre pressão sobre o nível de preços, isto devido à rigidez dos mecanismos de ajuste da economia brasileira e a relativa escassez nos mercados consumidores finais, que orientam o mercado então para os preços para a alta. O efeito linkage ocasiona às empresas menos dinâmicas, o dilema de corresponder à tendência (“trends”). Neste momento ocorre o problema de acesso ao crédito e ao investimento necessário às MPE`s. Lembremos que o crédito disponível apenas atende necessidades do consumo. Atingindo o limite paradoxal acima, a economia pode entrar em processo inflacionário. A resposta para este problema está para Schumpeter na análise dos processos de inovação. Obra do dinamismo empresarial, a deflagração da inovação, absorção e difusão no sistema é, em palavras mais simples, novas combinações dos fatores de produção: construção de novos equipamentos e “know how” agrupados nos conceitos de produção no tempo e espaço ou ainda resumidamente, investimentos em P&D. Desta forma, também em Rostow encontramos que o ápice é o pleno emprego e no final da expansão do ciclo é o investimento de longo prazo que têm que atuar. Observamos nesta curta análise, a importância inicial do nível de estoques, da ampliação do crédito e do comércio exterior como fator de aumento do consumo e da demanda via aumento da renda, bem como a importância do investimento de longo prazo com mecanismo de ajuste à Trend. Concluiu-se também sobre o ônus deste crescimento, que deve ser atribuído a iniciativa das empresas mais dinâmicas da economia. A utilização do BNDES como instrumental da política econômica, inibe a elevação natural da Selic permite o acesso ao investimento às MPE`s. De qualquer maneira, para não restar mais dúvidas, vale a pena dar um visualizada na análise de Mitchell para os ciclos Kondratieff nas economias dos EUA e da GB entre 1790 –1920 que poderia ter estendido os eu raciocínio até 2025 propositadamente para quem desejar continuar a análise e tirar suas conclusões. Anos Trends Price nº de anos de prosperidade dividido pelo nº de anos de recessão. USA / GB 1790-1815 Alta 2.6 / 1 1815-1849 Baixa 0.8 / 0.9 1849-1865 Alta 2.9 / 3.3 1865-1896 Baixa 0.9 / 0.4 1896-1920 Alta 3.1 / 2.7 Autor: Pedro Paulo Silveira Felicíssimo - Economista e Consultor em Comércio Exterior

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